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Aviões bombardeiam nuvens para fazer chover
Em tempo de seca, as atenções viram-se com maior curiosidade para as experiências de modificação do clima. Uma equipa de militares e cientistas portugueses tem andado a tentar fazer chover, bombardeando as nuvens com cristais de sal e prata.

A equipa prepara-se para repetir uma experiência de inseminação de nuvens nos céus portugueses, depois de em Fevereiro ter aparentemente tido êxito no seu intento de fazer chover. Apesar deste tipo de experiências se repetir há vários anos e um pouco por todo o mundo, no momento em que Portugal vive um dos Invernos mais secos da sua história ganham especial notoriedade os esforços dos cientistas na sua moderna “dança da chuva”.

“É como espremer um limão. Espreme-se muito pouco ou nada, mas se conseguirmos fazer a nuvem deitar a água que contém, já é muito bom”, comenta Joaquim Ortigão, o coordenador do projecto Física de Nuvens e Precipitação Provocada, que envolve o Instituto de Estudos Ambientais e de Meteorologia (IEAM) da Universidade Lusófona, a Força Aérea Portuguesa e a Universidade de Évora, com a colaboração da Armada e do Instituto de Meteorologia (IM). Em Março voltaram a aterrar no Arsenal do Alfeite mais equipamentos, os milagrosos cartuchos contendo cristais de cloreto de cálcio e iodeto de prata.

Em Fevereiro, um avião C130 equipado com os cartuchos, sobrevoou o Centro e Sul do país colocando-se junto às nuvens consideradas adequadas e literalmente bombardeou-as com compostos químicos. O processo passa por tornar mais “pesadas” as partículas de água contidas na nuvem e forçar a precipitação. A equipa científica assegura que não há qualquer risco ambiental ou para a saúde pública.

“As nuvens podem conter água, mas é preciso que as partículas estejam suficientemente pesadas para ocorrer precipitação”, explica João Côrte-Real, especialista da Universidade de Évora. O objectivo é que as partículas libertadas sobre as nuvens funcionem como elementos aglutinadores da água em suspensão. Com o aumento de peso devido à água, estas partículas caem, depois, sob a forma de chuva, provocando uma reacção em cadeia em toda a região do voo.

Ciência das nuvens pouco conhecida em Portugal

Embora nos dias em que se realizou a experiência tenha de facto chovido nalgumas zonas do país, a verdade é que não é linear relacionar o evento meteorológico com o “bombardeamento” das nuvens. “É preciso validar o resultado da experiência e perceber se houve maior precipitação do que estava previsto para aqueles dias e se a causa foi de facto a experiência”, ressalva o cientista.

De acordo com um relatório preliminar, verificou-se a ocorrência de “pequenas quantidades de precipitação nalguns dos pontos da trajectória seguida pelo avião da FAP, tendo a precipitação sido nula em regiões vizinhas, sujeitas às mesmas condições sinópticas”.

Seja como for, a “Missão Chuva” também tem como finalidade ficar a conhecer melhor a microestrutura das nuvens em diferentes épocas do ano – “uma componente científica que não existe em Portugal”. O estudo do processo de formação das nuvens e das partículas que as constituem pode ser feito através de dados de satélite, mas tem de ser confirmado pela observação directa. “Este tipo de investigação pode apontar para a vantagem e a necessidade de proceder a uma inseminação artificial”, explica Côrte-Real. O cloreto de cálcio é aplicado nas nuvens estratiformes (nuvens com distribuição lateral por áreas extensas) e o iodeto de prata nas cumuliformes (desenvolvimento vertical).

Para a experiência de Março foram fixadas metas ainda mais exigentes. “Desta vez vamos tentar usar o processo da inseminação higroscópica, o que na primeira experiência não foi possível, uma vez que o software do avião não estava a disponibilizar a informação dos anti-mísseis”, adianta Joaquim Ortigão. Este processo passa pela inseminação de sais nas nuvens para provocar um efeito aglutinador sobre a humidade. “Estes aviões têm a particularidade de lançar uma espécie de “fogo-de-artíficio” para os lados, um sistema destinado a ludibriar os mísseis inimigos em situações de combate”, conta o major Paulo Gonçalves, da FAP.

É a terceira vez que o IEAM tenta provocar chuva. A primeira vez foi em Novembro de 1999, com um avião russo, e a segunda, a 17 de Agosto de 2004, já com um avião da Força Aérea, e com bons resultados.

Carla Gomes
QUERCUS Ambiente nº. 13 (Março/Abril de 2005)
 
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