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Eco-Ideias
É Natal, é Natal...
Conselhos ecológicos para um Natal mais verde!

Pois é...estamos em plena época natalícia, aquele período do ano pelo qual, normalmente, todos anseiam. São muitas as razões que podem estar na base do interesse que a maioria de nós nutre pelas festas do Natal. Há pessoas para quem são os valores religiosos, da solidariedade e da partilha que normalmente se associam a esta quadra, que tornam o Natal tão atraente, a par com o facto de ser uma festa vivida, habitualmente, em família. Para outros existem razões bem mais terrenas como a possibilidade de cometer o "pecado" da gula, as prendas que se dão, mas também as que se recebem ou o facto de existir o subsídio de Natal. Há ainda outros para quem são as luzes, as cores, os cheiros e a azáfama que marca este período.

Contudo, cada vez mais a época do Natal tem-se tornado na época do consumo por excelência. Mais do que em qualquer outro período do ano, na época do Natal somos estimulados, influenciados, instigados, empurrados a comprar, comprar, comprar, muitas vezes de uma forma irreflectida e pouco zelosa dos nossos interesses pessoais, bem como do interesse colectivo.

É muito importante que cada um de nós se consciencialize que as nossas opções em termos de consumo podem ter reflexos importantes em termos económicos, sociais e ambientais, não só ao nível da nossa região, mas também do país e do mundo. Embora isto seja verdade sempre que consumimos qualquer coisa, torna-se particularmente relevante numa época como a do Natal onde o consumo tende a ser desenfreado e onde, entre as prendas, as festas, os cartões, se tende a perder os valores de partilha e solidariedade que tradicionalmente estão associados a esta quadra.

Quem pretender contribuir para um Natal mais sustentável e ter como objectivo acordar no dia 25 de Dezembro com uma prenda na consciência – o facto de ser um ‘bom cidadão ecológico’ – deve consultar esta pequena lista de conselhos:

Antes do Natal....

Reflicta bem sobre as prendas que vai oferecer e tente perceber quantas são realmente as que apresentam um significado especial para si, no sentido de evitar dar prendas só por dar; nestes casos frequentemente acabam por ser prendas pouco úteis e interessantes para quem as recebe e transformam-se rapidamente num resíduo que é necessário tratar.

Perante a sua lista definitiva de prendas procure adquirir produtos:
- Duráveis e reparáveis: hoje em dia um dos principais problemas de muitos dos produtos que consumimos prende-se com a sua filosofia de base de usar e deitar fora, o que não só sobrecarrega a nossa carteira como sobrecarrega o ambiente (mais recursos são utilizados para produzir novos produtos e mais resíduos é necessário tratar);
- Educativos: sempre que possível, principalmente se estivermos a falar de prendas para os mais pequenos, procure oferecer produtos que estimulem a inteligência, a criatividade, o respeito entre os povos e pelo ambiente;
- Inócuos em termos de substâncias perigosas: ainda que no que diz respeito às crianças já existam regras relativamente restritas, o mesmo já não acontece com outros produtos dirigidos aos adultos; pelo sim, pelo não, verifique sempre se possuem indicações relativas ao cumprimento das normas impostas pela União Europeia;
- Menos complexos: produtos que possuam menos materiais misturados são, habitualmente, mais fáceis de reciclar e reparar.
- Úteis: é importante privilegiar a oferta de prendas que não sejam colocadas imediatamente na prateleira ou em qualquer baú esquecido no sótão; pense bem antes de comprar uma prenda, procure aconselhar-se com as pessoas que estão próximas da pessoa a quem a quer oferecer.

Resista à publicidade enganosa que nos bombardeia diariamente com produtos e funções dos quais não temos qualquer necessidade, nem nunca vamos usar. O equipamento informático e especialmente os telemóveis são talvez os que melhor se enquadram nesta categoria de produtos.

Em muitos casos parece-nos que estamos sempre atrás da tecnologia e que há sempre alguém que tem um modelo acima do nosso. Mas mais importante do que pensar no modelo é pensar no uso que iremos dar a cada uma das funções tão publicitadas. E não se esqueça que muitos dos novos serviços surgem agora gratuitos, mas rapidamente passam a assumir preços proibitivos para as carteiras de muitos portugueses.

Gaste apenas na medida das suas possibilidades: resista ao ataque cerrado das campanhas de crédito em que só começa a pagar mais tarde; nunca se esqueça é que mais cedo ou mais tarde vai ter mesmo que arranjar dinheiro para pagar. O mesmo se passa em relação aos cartões de crédito; sempre que alguém lhe oferecer um crédito lembre-se que ninguém oferece nada a ninguém (uma velha máxima que ainda não saiu de moda). Respeitar os seus limites de endividamento irá permitir-lhe ser mais criterioso nas suas escolhas e, logo, mais sustentável.

Reutilize papéis de embrulho de anos anteriores ou pequenas caixas de outros produtos para acondicionar as prendas; aumenta a surpresa, diminui as despesas e o impacte ambiental das suas compras. Sempre que tal não for possível, adquira papel reciclado para fazer os seus embrulhos.

Utilize os transportes públicos nas suas deslocações às compras, ou então, junte-se com amigos ou familiares num mesmo veículo e vão às compras conjuntamente, fica mais barato e sempre pode dispor de outras opiniões quando estiver indeciso.

Adquira produtos nacionais, pois não só a qualidade não varia como o impacte ambiental associado ao transporte dos produtos será menor.

Para a ceia de Natal comece a habituar-se a substituir o bacalhau por outra iguaria; se não consegue mesmo resistir, adquira bacalhau de média/grande dimensão; faça o mesmo em relação ao polvo (deverá ter sempre mais de 800/900 gr.). Se as dimensões mínimas fossem respeitadas não teríamos os problemas que hoje temos com a quase extinção do bacalhau.

Tenha atenção à própria embalagem do produto; ainda que seja necessária, pode assumir um grande peso no preço final, pelo que evite ao máximo o excesso de embalagem e privilegie embalagens menos complexas (que misturem menos materiais – papel, plástico, metal) porque serão mais facilmente recicláveis.

Adquira uma árvore de Natal sintética ou então recorra apenas a árvores vendidas com autorização (bombeiros, serviços municipais), como garantia da sustentabilidade do corte. Não vá em modas e tenha cuidado na aquisição dos enfeites de Natal para que os possa reutilizar por muitos e longos anos.

Pense naqueles que não têm possibilidade de oferecer prendas e mesmo de ter uma ceia de Natal; seja solidário com as várias campanhas que habitualmente se desenrolam nesta época.

Após o Natal

- Guarde os laços e o papel de embrulho para que os possa utilizar noutras ocasiões;
- Separe todas as embalagens – papel/cartão; plástico; metal – e coloque-as no ecoponto mais próximo, evitando assim os amontoados de lixo que marcam o dia de Natal; é aqui que poderá verificar se foi um cidadão ambientalmente consciente nas suas compras;
- Reflicta ao longo do ano sobre a utilidade que foi dada às prendas que ofereceu e aprenda com os seus erros.
- Mantenha-se solidário com as diversas campanhas que se vão desenrolando ao longo do ano; procure a sua paróquia, junta de freguesia, associações de apoio ou os serviços de acção social do seu município sempre que tiver objectos em bom estado, mas dos quais já não necessita. O que para si pode ser um resíduo pode ser um bem muito útil para outra pessoa.

E lembre-se que nós não somos aquilo que consumimos, mas o nosso consumo diz muito sobre o que somos.

Susana Fonseca
QUERCUS Ambiente n.º 3 (Dezembro/2003)
 
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