Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
Quercus 1ª Sessão do Workshop «O Direito na Intervenção Ambiental» 19 de Março: Contra o Nuclear! XI Olimpíadas do Ambiente (2005/2006) XIII Jornadas de Educação Ambiental
   21-08-2006 contacte-nos | pesquisa 
Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
  

  Editorial
  DESTAQUE
  Entrevistas
  Foto-Denúncia
  Notícias
  Temas
  Opinião
  Eco-Agenda
  Eco-Ideias
  Eco Links
  Ficha-técnica
  Quercus

  
Editorial
Mais Incêndios e Menos Água
O ano 2005 está a ser para Portugal apenas uma amostra do que o futuro poderá reservar-nos caso não seja substancialmente alterada a forma displicente como temos tratado o Ambiente. Temos cada vez mais incêndios a percorrer a nossa floresta e outros espaços naturais e cada vez menos água disponível e com qualidade para as necessidades humanas e da própria Natureza.

A emissão excessiva de gases com efeito de estufa, essencialmente proveniente da queima de combustíveis fósseis, parece estar já a provocar alterações climáticas em Portugal e noutras partes do mundo. Apesar do Protocolo de Quioto estar já em vigor e ter por objectivo reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a verdade é que grande parte dos países signatários, nomeadamente Portugal, não demonstram o necessário empenho em cumprir com o assumido. Para agravar esta situação, alguns países responsáveis pelos maiores valores de emissão, com os Estados Unidos à cabeça, continuam a recusar a ratificação do Protocolo de Quioto. A redução das emissões de gases com efeito de estufa prevista neste protocolo não é ainda a solução final para resolver o problema das alterações climáticas mas constitui o primeiro passo que inevitavelmente terá de ser dado caso seja objectivo da comunidade internacional minimizar este problema.

O clima cada vez mais quente e seco cria as condições ideias para que os incêndios florestais assumam proporções incontroláveis. Os últimos anos parecem querer habituar Portugal a uma fatalidade contra a qual nos sintamos impotentes. Infelizmente, enquanto os incêndios florestais forem entendidos apenas na perspectiva do combate e não da prevenção será quase impossível contrariar este cenário.

Como já foi dito e repetido, é fundamental a curto prazo promover uma boa vigilância, fazer cumprir a legislação que proíbe o uso do fogo nos espaços florestais, garantir a limpeza selectiva das matas nas zonas de maior risco e fortalecer a capacidade e eficiência da primeira intervenção no combate aos fogos.

A médio e longo prazo, mas começando desde já, é imprescindível garantir um adequado ordenamento e uma correcta gestão florestal. Deverá ser promovida a diversificação dos espaços florestais, garantindo uma floresta em mosaico que integre zonas de cultivo e de pasto. A floresta terá de conciliar os espaços de produção com os de conservação, não devendo ser permitidas grandes extensões de monoculturas, nomeadamente de eucalipto ou pinheiro, que constituem situações de difícil controlo em caso de incêndio. Deve ser promovida a utilização das espécies folhosas autóctones como o sobreiro e a azinheira que tornarão a floresta mais resistente ao fogo.

A cada vez menor disponibilidade de água, decorrente da falta de chuva e agravada pelos desperdícios e poluição, torna cada vez mais urgente um uso racional deste recurso. As previsões relativas aos efeitos das alterações climáticas apontam para um acentuar da desertificação e da aridez dos solos em Portugal, cenário que terá de ser fortemente contrariado através de uma outra forma de gerir os recursos hídricos do país e de desenvolver as actividades humanas no território nacional.

Enquanto Portugal continuar com os elevados índices de perdas e desperdícios de água no abastecimento doméstico e na agricultura e com um baixo nível de tratamento das águas residuais, terá fortes dificuldades em minimizar o efeito das situações de seca que deverão ser cada vez mais frequentes no futuro. Trata-se de desenvolver esforços efectivos de forma a garantir um uso mais eficiente dos recursos hídricos que nos possibilitem manter no futuro padrões de qualidade de vida e de saúde pública desejáveis.

Hélder Spínola
Presidente da Direcção Nacional da Quercus
QUERCUS Ambiente nº. 15 (Setembro de 2005)
 
Adicionar o fórum aos favoritos
Visualizações:496
 
últimos artigos
Tarde e Mal no Ambiente
O Ambiente não pode parar
A Escola e o Ambiente
Presidência Aberta: Finalmente o Ambiente
Alterações Climáticas: o Grande Desafio
A Quercus e o Futuro
Resíduos à Deriva
Preparar o futuro
Depois da tempestade...
Ministro Vai, Ministro Vem
Por um Rio Sabor Sem Barragens
Incêndios Florestais em Portugal


 
Google